O futebol e a auto-afirmação

 

No último domingo o time mais querido do Brasil e com a maior torcida do mundo sagrou-se hexacampeão nacional de futebol, o esporte mais popular do mundo. Toda esta festa, consagração e movimentação fazem com que algumas coisas comecem vir à tona. Qual o verdadeiro motivo que leva uma pessoa a torcer para um time? Paixão? Amor? O gosto pelo esporte? O futebol virou apenas mais um meio de auto-afirmação. A pessoa transfere para o time que torce a responsabilidade de assumir uma determinada postura: a de vitória. No time pelo qual torce a pessoa se vê. Ela precisa que o time seja vencedor para que suas derrotas pessoais sejam superficialmente esquecidas tanto por ela como pelos outros e quando isso não ocorre vem a frustração, violência, raiva, ira e tudo o mais que represente a insatisfação.

A transferência do dever ser faz com que o torcedor personalize um clube de futebol como sua própria extensão de identidade. O time é ele, se o time é vencedor ele é vencedor e se o time perde ele se sente perdedor. Nas vitórias do time é que o torcedor se impõe sobre o outro e nas derrotas o outro se impõe sobre ele. O torcedor do time que perdeu se sente perdedor e o medo de não ter algo positivo a mostrar gera a ira, raiva e angústia e como grandes torcidas formam grandes egrégoras o coletivo acaba formando uma grande bomba vibracional que uma hora pode explodir e desandar em atos negativos.

Da mesma forma quando o time vence o torcedor se sente mais feliz, vitorioso, como se o mundo estivesse em suas mãos e como se fosse realmente um deus criador dos céus e da Terra; até esquece que isto não impedirá que as contas venham fim do mês. Na realidade tudo isso é pura ilusão; a realidade é o que é e cada um é o que é. Uma pessoa não é a roupa que veste e também não é o time que torce. Se o time vencer e for campeão isto não torna a pessoa vencedora, da mesma forma que se o time perder isto não a tornará perdedora. Transferir o interno ao externo é um grande erro.

 

11 comentários sobre “O futebol e a auto-afirmação

  1. appliance repair Beverly Hills disse:

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  2. Moriah disse:

    É isso mesmo, Rudy. Eu amei a vitória do Flamengo, gosto muito de futebol. Não é o meu esporte favorito, no entanto.

    Achei muito engraçado quando vc postou esse texto na comunidade de Cabalá, porque é o exemplo de idolatria que eu costumo dar nas aulas: a questão do time de futebol.

    Como vc bem concluiu, o esporte em si – e, inclusive, torcer para um deterinado time – não é o problema. O problema é a simbiose, é transferir para algo externo a fonte da nossa alegria e da nossa tristeza. É transformarmos algo externo em CAUSA. É dizer “eu sou flamenguista” e, nesse momento, limitar todas as demais possibilidades de existência que poderíamos ter.

    No caso do time de futebol, a coisa fica tão óbvia que é caricato e ótimo para exemplificar o conceito. Mas isto acontece com outras coisas e em níveis extremamente sutis.

    Quanto mais a gente se aprofunda no autoconhecimento, mais sutil é essa petrificação existencial.

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  3. Warley disse:

    Eu era o cara mais “pinta” da classe, jogava bola pra caramba, joguei representando o time do colegio várias vezes, a menina dos meus sonhos foi quem veio atrás de mim, CRESCI e ví que essa merda (fanatismo por futebol) é só uma merda mesmo.

    O texto do brother aí fala de marionetes do “modismo”, ser escravo do “monstro sist” igual o camarada Ricardo não é problema, o que nos incomoda é a super valorização do que é inutil, o médico que salva sua vida ganha o mesmo que o jogador que fez o gol campeão? O cientista que se mata procurando cura p/ doenças como AIDS tem os mesmos honorarios que um goleiro da 1º divisão?

    É isso aí Ricardo continue sendo o que vc é, afinal OS ESCRAVOS SERVIRÃO!

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  4. Luiz Paulo Santos Cruz disse:

    Muito bom o topico e bom blog Rudy mas cuidado com os alienados futeboleiros mas ja que esse blog não e taõ conhecido ainda esta bem hehe.
    Se dissese isso na minha escola iria ser meu suicidio as pessoas so gostam de futebol e tambem são taõ religiosos que so falta tentar me exorcisar (porque gosto de rock,metal,musica clasica sim musica clasica ja virou coisa do demonio para eles).

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  5. Ricardo disse:

    Que textinho mais pobre… coisa de gente recalcada… não gosta de esporte? Não Joga. Não gosta de futebol? Não torce.

    Era gordinho na infância? Tinha pé chato? Foi trocado pela menina dos sonhos por um garoto que jogava futebol? Ou simplesmente por um garoto normal?

    Esse texto não fala de uma pessoa que não gosta de futebol, o que seria natural, fala de um cara problematico, que tem problema com o esporte e se “incomoda” com quem gosta.

    Você deve ser um simples pobre coitado, sem mulher, sem amigos, de repente sem emprego, que inveja o carro do vizinho e resolveu criar o seu mundinho para “mandar” em alguma coisa e poder botar pra fora a sua baixa estima, seu recalque… porque nem a sua mãe deve te ouvir…

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  6. juliano disse:

    Não concordo com o texto. Futebol pode ser um momento de alegria e descontração para a maioria das pessoas – julgar e generalizar devido a incidentes isolados é no mínimo um engano.
    O que seria de nós sem as pequenas alegrias e felicidades de nossa vida ?

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    1. Celio duarte disse:

      Olá, infeslimente as pessoas buscam alegria e felicidade em coisa passageiras e sem nexo: Tudo bem vc torce pra seu time, ele ganha e vc fica feliz, e quando ele perde? vai dizer que fica feliz tbm, isso que ta dizendo, pra é hipócrisia, vc lhe dá um conselho, tenha Jesus Cristo em se coração e vc vai conhencer a verdade felicidade.

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  7. Eduardo Montanari disse:

    Como eu disse lá na comunidade de Silent Hill, adorei o que você escreveu. Nunca gostei de futebol, aliás, sou meio isoladão e do contra e nunca gostei da maioria das coisas que todo mundo gosta, sei lá. Publicarei esse seu texto no meu blog e farei uma propaganda desse seu. Um abraço.

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